domingo, 24 de outubro de 2010

Sobre as homenagens aos encarnados

Uma das inúmeras coisas que a Doutrina Espírita me ensinou é que as poucas vezes em que ajo adequadamente em algum aspecto em minha vida — algum mal que evito cometer, algum bem que proporciono a outrem, alguma melhora (muito, mas muito necessária mesmo) em minha paciência, alguma aula ministrada nos cursos preparatórios que tenha sido particularmente esclarecedora e bem aplicada, etc. — esse “acerto” não merece aplausos externos ou internos, por ser na vasta maioria dos casos menor do que o que eu deveria ter feito. Penso que nossa programação prévia, aquela que precedeu a presente incursão na carne, tenha contemplado muito mais em termos de acertos e realizações do que em geral conseguimos amealhar ao longo da vida.

É nesse sentido que creio que os aplausos e as homenagens a que algumas vezes gostosamente nos submetemos deveriam ser repensadas (e veementemente repelidas), ainda que nossos amigos e correligionários se vejam na obrigação de fazê-las, às vezes prestando reconhecimento a uma vida inteira de dedicação à causa Espírita e ao caminho Cristão. Essas massagens no ego não somente são inúteis, como também são prejudiciais, insuflando-nos a vaidade, dando-nos um destaque imerecido, e sutilmente (e muitas vezes inconscientemente, é verdade) dando-nos um falso senso de superioridade. É desnecessário (sem falar em desumano) citar exemplos, mas a casuística demonstra que tais situações indesejáveis ocorrem, e com frequência no meio Espírita.

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2 comentários:

  1. Apenas um lembrete de Omar Khayam, caro Ruy:
    "Os sábios e os filósofos mais ilustres caminharam nas trevas da ignorância.
    E eram os luzeiros do seu tempo!...
    Em suma que fizeram eles?
    Pronunciaram algumas frases e adormeceram fatigados."
    Abração! Clécio.

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  2. Bem lembrado Ruy!
    Nós ainda somos tão devedores... Como querer tanto reconhecimento, né?
    Se estamos lutando contra os monstros da vaidade e do orgulho que ainda carregamos dentro de nós, todo cuidado é pouco...
    Citando Séneca: "muitos teriam sido sábios se não tivessem acreditado demasiado cedo em que já o eram."
    Vigilância sempre!
    Abraço!

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