A frase acima me foi dita ontem pelo sensato dirigente de nosso grupo mediúnico. É uma versão mais sensata (como só poderia ser, saindo de sua boca) para a popular “em boca fechada não entra mosquito”, ou para a tão popular quanto “quem fala demais dá bom-dia a cavalo”.
A frase foi parte da resposta a um questionamento meu: “qual a atitude mais adequada a tomar quando testemunhamos um companheiro da Casa Espírita agindo de forma contrária aos interesses da Doutrina e aos direcionamentos da própria Casa?”. A pergunta, por sua vez, foi um pedido de esclarecimento que surgiu como reação à mensagem recebida ao fim da sessão, afirmando que as discussões em torno do conteúdo bibliográfico da Feira do Livro (vide artigo anterior) não eram úteis. “A palavra não ajuda” foi uma das expressões usadas pelo amigo do Mais Alto. Por sua vez, ainda, a mensagem do amigo espiritual aludia às reações contrárias e críticas ao conteúdo bibliográfico da Feira do Livro, assunto de meu último artigo.
E como resultado da mensagem eu, que escrevi tantas dessas palavras, me senti tolo por tê-lo feito, e confuso sobre como deveria agir no futuro.
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A resposta do sensato dirigente não foi, claro, no sentido da omissão. É claro que ele reconhece o quão prejudicial é deixar o barco correr numa situação de erro patente. Contudo, a paciência é uma virtude de extrema importância diante de um erro. Em muitos casos a situação se resolve sem a necessidade do atrito, sem o enfrentamento direto, sem a exposição pública. Em muitos casos a sensatez, que deve ser parte do conjunto de ferramentas do Espírita — e frequentemente é —, faz com que os erros sejam percebidos e corrigidos sem a necessidade do confronto da palavra, que aponta, fere, constrange. E nesses casos aquele que teve a sensatez e a paciência de esperar antes de se manifestar, venceu. Venceu-se a si mesmo, antes de qualquer coisa; venceu seus impulsos e sua impaciência; venceu sentimentos menos nobres que talvez o estivessem impulsionando em direção à crítica; venceu o orgulho e a vaidade, o impulso de se fazer ouvir e de soar perspicaz e inteligente, e que em muitos casos dá a impressão aos espectadores de ser alguém de fato cumprimentando um animal irracional.
À luz do desfecho dado pela diretoria da Casa ao episódio da Feira do Livro as palavras do amigo espiritual e as sugestões do sensato dirigente se fazem ainda mais verdadeiras e luminosas: no dia seguinte ao evento — provavelmente enquanto eu escrevia meu texto crítico — a diretoria se pronunciava, assumindo a responsabilidade pelo ocorrido e identificando com precisão o erro cometido. Anunciava, também, medidas para que nas próximas edições do evento os mesmos erros não se repitam. Um evento menor, com menos editoras (excluindo aquelas com conteúdo patentemente desvinculados da Doutrina, por exemplo) será mais simples de ser controlado de acordo com as diretrizes da Casa. Trará menos público, é provável, mas o público presente muito provavelmente estará mais preparado para a mensagem Espírita, e menos afeito às novidades, ao maravilhoso e aos fenômenos, que sabemos terem pouco a ver com as verdades eternas do Cristo. A atitude da diretoria da Casa, tomada de forma tão adequada e em tão pouco tempo, aponta para o óbvio: os que se calaram diante da situação vivida na feira foram os verdadeiros vencedores. Confiaram que as reações seriam justas, e não se expuseram de forma afobada (diferentemente deste que vos escreve).
Por fim, uma complementação importante: a mensagem do amigo espiritual não parava por aí. Além de admoestar a palavra que não ajuda, conclamava àquilo que de fato ajuda: o exemplo. E certamente aí está a chave para o aprendizado em situações futuras: trabalharmos com mais afinco em nossas próprias atitudes e nos exemplos que damos e sermos menos parcimoniosos em nossas opiniões críticas.
Difícil, não é mesmo? É, mas fundamentalmente necessário.
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