O indivíduo passa por problemas. Vicissitudes naturais da vida assolam sua tranquilidade, mas ciente dos mecanismos de reajuste, parte integrante de nosso processo evolutivo, ele segue em frente. As dificuldades o acompanham, mas a confiança no Mais Alto lhe dão forças para perseverar e seguir em frente.
Obviamente que os problemas afetam de certa forma seu semblante e sua aparência. Um ar mais grave, uma ponta de melancolia, um sorrir mais triste. Os sinais seriam até disfarçáveis, mas ninguém é de ferro.
E assim, preocupado mas confiante; triste, mas perseverante, o amigo segue em frente da melhor forma que consegue dentro de seu conhecimento Espírita.
A certa altura sua aparência chama a atenção do colega de trabalho no Centro Espírita. Este, sem o conhecimento íntimo do indivíduo passando por problemas, que só a amizade sincera e o tempo proporcionam, decide interceder. Está dotado das melhores intenções, claro, mas essas são as únicas ferramentas adequadas de que dispõe.
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Logo de cara avalia a situação do indivíduo com problemas e, sem se preocupar em escutá-lo, julga a situação e põe-se a agir. Põe-se a falar de imediato, perdendo preciosa oportunidade de escutar.
E quando fala, ao invés de calcar suas palavras sobre os pilares sólidos do ensinamento Cristão ou da Doutrina dos Espíritos, baseia-se em suas próprias experiências e suas próprias atitudes. “Quando isso aconteceu comigo...”, “eu faço diferente...”, “isso que você está vivendo comparado com o que se passou comigo não é nada...”, e por aí vai. Em poucos minutos (se tanto), o que era para ser a ajuda prestada a alguém supostamente em necessidade se transforma em um monólogo em que o foco da conversa já não é mais a pessoa em necessidade, mas sim o próprio “auxiliador”. E a arenga ao invés de auxiliar, irrita. O indivíduo com problemas não se sente aliviado, e — ao contrário — não vê a hora de sair dali. Não pediu ajuda, não tinha necessidade de desabafar, não queria chamar a atenção de ninguém. E mesmo que uma palavra de conforto fosse útil no momento, não foi isso que recebeu. Ao invés disso, teve foi um “puxão de orelha”, resultado de uma boa intenção mal-direcionada, e do despreparo para oferecer auxílio.
É fundamental tomarmos o maior cuidado possível para não nos colocarmos na posição do companheiro descrito acima. Quando temos a intenção de ajudar, é fundamental agirmos com cautela, com humildade e com responsabilidade. E para tanto, devemos sempre — e antes de mais nada — avaliar nossa capacidade de ouvir; nossa empatia para com os colegas necessitados; nossa capacidade de colocarmos o necessitado em questão no cerne da conversa.
Senão corremos o risco nos entregarmos a triste exercício de orgulho disfarçado de caridade.
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